Um desabafo ... de mãe

O Marquito nasceu no dia 25 de Junho de 1989.
Um menino bonito, moreno e com uns lindos olhos castanhos. Tinha um sorriso de encantar o mundo, era saudável, teve um crescimento normal, andava sempre bem disposto e era muito brincalhão, adorava contar anedotas.

Um menino feliz que adorava a natureza, os passarinhos e tudo o que a rodeava. Muito amigo e companheiro dos seus colegas, muito compreensivo e um grande lutador em todas as fases difíceis que a vida lhe reservou.

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O Marquito é um menino que sofre de Adrenoleucodistrofia (ALD), uma doença que lhe foi diagnosticada aos 8 anos e meio. Nos primeiros anos da doença, dos 8 aos 14 anos, teve uma vida mais ou menos normal, apenas com algumas complicações que eram ultrapassadas com tratamentos apropriados.

O ano de 2003 foi um ano muito difícil pois o Marco começou a apresentar dificuldades na marcha e na visão, iniciou o ano lectivo de 2003/2004, frequentando o 9º ano, mas a partir de Novembro de 2003 a rápida evolução da doença obrigou-o a desistir.

Começou a ter medo de tudo, da própria vida, não queria morrer pois não queria separar-se de nós. Ele próprio fazia um esforço para não se esquecer das coisas que tinha aprendido. Sentado no sofá repetia várias vezes as palavras para assim não as esquecer. Ele sabia o que se estava a passar com ele e apercebeu-se muito bem da chegada e agravamento da doença.
Lutou sempre muito contra ela mas ela foi mais forte e venceu.

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Em Dezembro de 2003, o sofrimento e o desespero era tanto que gritava de dia e de noite, chorava, pedia ajuda, não queria separar-se de nós e dizia que queria ser feliz como os outros meninos.
Pensámos que era apenas uma fase difícil que iria passar mas infelizmente isso não aconteceu e de uma forma muito rápida foi perdendo todas as capacidades, tudo o que a vida lhe tinha dado estava a ser-lhe tirado, a visão, de seguida a marcha e por último a sua voz deixou de se ouvir.
Assim se passou esta fase complicada de muito sofrimento, connosco sempre ali perto dele sem nada podermos fazer e isso é que é pior de tudo, é não podermos fazer nada pelo nosso menino e assistir à sua dor que foi e é tão grande.

O meu Marquito que um dia foi feliz, que sorria e aproveitava cada minuto do dia que a vida lhe dava está agora numa cama sem se mexer, em estado vegetativo, na situação que ele mais temia que viesse a acontecer.

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E agora pergunto:
- Que vida é esta, que nos dá tanto sofrimento e que comete um crime destes com estas crianças que tem a infelicidade de ter esta doença?

- Que vida é esta, que dá tudo a um menino inteligente e saudável com tantos sonhos para o futuro e lhe rouba tudo de repente, como quem tira um brinquedo a uma criança e a deixa infeliz, triste e sem sorrir nunca mais?


A vida não está a ser fácil e cada dia que passa, mais se sente saudades de tudo o que o Marquito foi e fez durante os seus 14 anos quando a sua voz se ouvia e o seu sorriso brilhava no seu rosto.

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Adoro este meu filho!
Apesar de todo o sofrimento, penso que, neste momento já não terá dor fisíca mas não sei o que vai na sua cabeça e o que se passará dentro daquela mente presa já hà 15 meses, sem poder comunicar connosco.

Mas o futuro só a Deus pertence, e por isso lhe peço que o meu menino não sofra mais. É um menino especial e é por ele ser especial que vivo com muita fé e esperança para que Deus olhe por ele e por todos os meninos com a mesma doença.

Quanto a nós, os pais, só lhe podemos dar muito carinho, muito amor e o aconchego do lar que um dia foi um lar feliz com este menino, que é a nossa vida.
Agora vive-se um dia de cada vez e peço a Deus para que nos dê força e coragem para enfrentar-mos tudo o que o futuro ainda nos tem reservado.

Chorei e choro muito porque não queria esta vida para o meu filho mas apesar desta situação, amo-o muito, mais que tudo nesta vida e não sei se algum dia a vida mo tirar se conseguirei viver mais.

Por isso aguardo com muito medo o futuro.

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Agora para o meu Marquito apenas lhe digo:
"Se temias que o meu amor por ti acabasse quando ficasses nesta situação quero dizer-te que pelo contrário ainda te amo muito mais. Tenho imensas saudades tuas e recordo todos os momentos felizes e onde quer que esteja a tua mente estarei sempre contigo, meu amor."

A tua mãe
Cristina
28 de Junho de 2005

1 comentários:

alina disse...

Isto é lindo! Tenta não chorar

Ela deu um pulo assim que viu o cirurgião a sair da sala de operações.

Ela perguntou:
'como é que está o meu menino? Ele vai ficar bom? Quando é que eu posso o ver?

O cirurgião disse,
'Tenho pena. Nos fizemos tudo mas o seu filho não resistiu.'

A Sally perguntou,
'Porque qual é a razão que as crianças pequenas tem câncer? Será que Deus não se preocupa? Aonde estavas Tu, Deus, quando o meu filho necessitava?'

O cirurgião perguntou,
'queres algum tempo com o teu filho? Uma das enfermeiras irá sair dentro alguns minutos antes de ele ser transportado para a universidade,'

A Sally pediu a enfermeira para ficar com ela enquanto ela se despediu do seu filho. Ela passou os seus dedos pelo o cabelo ruivo do seu filho. 'Você quer um caracol de cabelo? Perguntou a enfermeira.
A Sally abanou a cabeça a dizer que sim. A enfermeira cortou o cabelo e colocou num saco de plástico e entregou a Sally.

A mãe disse, ' foi a ideia do Jimmy para doar o seu corpo a Universidade. Ele disse que talvez pudesse ajudar outra pessoa. 'No início eu disse que não, mas o Jimmy disse,
'Mãe, eu não vou necessitar do meu corpo depois de morrer. Talvez possa ajudar outro menino ficar mais um dia com a sua mãe.' Ela continuou, ' o meu Jimmy tinha um coração de ouro. Estava sempre a pensar nos outros. Sempre disposto a ajudar se ele pudesse.'

Depois de ter passado a maior parte dos últimos seis messes a Sally saiu do Hospital 'Children?s Mercy' pela a última vez.

Ela colocou o saco com as coisas do seu filho no banco do carro ao lado dela.

A viagem para casa foi muito difícil. Foi ainda mais difícil entrar na casa vazia. Ela levou o saco com as coisas do Jimmy incluindo o cabelo para o quarto do seu filho.
Ela começou a colocar os carros e as outras coisas no quarto exactamente nos locais aonde ele os sempre teve. Ela deitou-se na cama dele e agarrou a almofada e chorou até que ficou a dormir.

Era quase meia-noite quando acordou e ao lado dela estava uma carta.

A carta dizia,

" Querida Mãe,
Eu sei que vais ter muitas saudades minhas; mas não pensas que eu vou esquecer de ti, ou que eu vou deixar de te amar, sou porque eu não estou por perto para dizer que 'Amo-te'. Eu vou sempre te amar, Mãe, ainda mais com a passagem de cada dia.
Um dia vamos estar juntos de novo. Mas até chegar esse dia se quiseres adoptar um menino para não ficares tão sozinha, esta tudo bem comigo. Ele pode ficar com o meu quarto e as minhas coisas para brincar. Mas se decidires para uma menina, ela talvez não vai gostar das mesmas coisa que nos rapazes gostamos. Vais ter que comprar bonecas e outras coisas que meninas gostam, tu sabes.
Não fiques triste a pensar em mim. Este lugar é mesmo porreiro. Os avós vieram ter comigo assim que eu cheguei para mostrar este lugar, mas vai demorar muito tempo para eu poder ver tudo. Os anjos são mesmo fixes. Eu adoro ve-los a voar. E sabes uma coisa? O Jesus não parece nada como se vê nas fotos. Embora quando o vi eu conheci o logo. Ele levou-me a visitar Deus! E sabes uma coisa?
Eu sentei no colo d'Ele e falei com Ele, tal como se eu fosse uma pessoa importante. Isso foi quando eu lhe disse que queria escrever esta carta para ti, para dizer adeus e tudo mais. Mas eu já sabia que não era permitido.
Mas sabes uma coisa Mãe? Deus entregou um papel e a sua caneta pessoal para eu poder escrever esta carta para ti. Eu acho que Gabriel é o anjo quem te vai entregar esta carta. Deus disse para eu responder a uma das perguntas que tu fizeste a Ele,
'Aonde estava Ele quando eu mais precisava?' 'Deus disse que estava no mesmo sítio, tal e qual quando o filho dele, Jesus foi crucificado. Ele estava presente, tal e qual com está com todos os filhos dele.
Mãe, só tu é que consegues ver o que eu escrevi, mais ninguém. As outras pessoas vêm este papel em branco. É mesmo fixe não é? Eu tenho que dar a caneta de volta a Deus para ele poder continuar a escrever no seu Livro da Vida. Esta noite vou jantar na mesma mesa com Jesus. Tenho a certeza que a comida vai ser boa.
Eu estava quase a esquecer, eu já não tenho dores, o câncer já se foi embora. Ainda bem porque já não podia mais e Deus também não podia ver me assim. Isso foi quando ele enviou o Anjo da Misericórdia para me vir buscar. O anjo disse que eu era uma> encomenda especial! O que dizes a isso?'

Assinado com Amor de Deus, Jesus e de Mim.
Um beijo, que deus te dê muita coragem para ultrapassar estes momentos dificeis da tua vida.Alina Matos- linimatos@hotmail.com